terça-feira, 20 de abril de 2010

"ORÓS E CASTANHÃO” ‏ REPORTAGEM DO ENGENHEIRO CIVIL CÁSSIO BORGES EX-DIRETOR GERAL DO DNOCS

Este artigo intitulado “Orós e Castanhão”, certamente vai lhes causar estranheza quando eu digo que o açude Orós, com 2 bilhões de m3 de acumulação de água e o açude Castanhão com 6,7 bilhões de m3 têm, praticamente, a mesma vazão regularizada em torno de 12 m3/s. Até hoje não vi nenhuma contestação quanto à vazão regularizada do açude Orós que tem uma bacia hidrográfica em torno de 25.000 km2 e, para que vocês tirem suas próprias conclusões, o Castanhão tem sua bacia hidrográfica em torno de 19.000 km2. Portanto, o Castanhão tem sua área de contribuição pluviométrica 24% menor do que a do Orós. Mas esta diferença de áreas as torna praticamente iguais, do ponto de vista hidrológico, se levarmos em conta que na bacia do Castanhão chove mais do que na do Orós. Em outras palavras, o Castanhão tem, de fato, uma bacia hidrográfica menor do que a do Orós, mas, em compensação, ali a média pluviométrica é maior do que na deste. Uma coisa compensa a outra. O que ainda eu poderia acrescentar ao que foi dito no artigo em causa é que quando o açude Castanhão foi trazido, em 1985, pelo extinto DNOS-Departamento Nacional de Obras de Saneamento (com sede no Rio de Janeiro) para conhecimento da comunidade técnica do Estado do Ceará, sua vazão regularizada já veio determinada como sendo de 12,35 m3/s. Todos os estudos que conheço que foram feitos posteriormente, inclusive pelo DNAEE-Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica confirmam este valor. E o professor Theóphilo Ottoni colocou uma pá de cal neste assunto. E qual ou quais as implicações decorrentes deste fato? A primeira, é que o açude Castanhão não tem água para gerar os benefícios para os quais seu EIA/RIMA (Estudo de Viabilidade) foi elaborado e, segundo, o Canal da Integração está super-dimensionado ficando ocioso em quase a metade de sua vazão: ele foi dimensionado para 22 m3/s quando o Castanhão só dispõe de 12 m3/s. Isto se as autoridades do Estado do Ceará considerarem que as águas do açude Castanhão devem ser, totalmente, desviadas em direção da Capital cearense e do Porto do Pecém. Acredito que estatisticamente falando, levando-se em conta que a média da precipitação pluviométrica nestes últimos 11 anos foram acima da média, o próprio Canal da Integração ainda ficará grande parte do seu tempo ocioso mesmo sem considerar que o açude Castanhão, que já está construído há mais de seis anos e, até hoje, não foi utilizada uma só gota d`água daquele reservatório para coisissima alguma. E olhem que é uma obra que vai custar R$ 1 bilhão sem levar em conta o elevado custo de sua manutenção. E o traçado Canal do Trabalhador, que funcionou a contendo porque foi abandonado? E por aí vem o Cinturão d’ Água”. Aguardem! Atenciosamente Cássio Borges. Matéria envianda para o Guardião da Arqueologia cearense Célio Cavalcante.

Um comentário:

  1. Boa matéria..

    As águas do Castanhão não foram memsmo utilizadas nesses 6 anos pós-construção?? impressionante!!

    Então o Castanhão, esse mar d'água, não tem passado de uma miragem em pleno deserto.. !
    Me lembra as chamadas 'obras faraônicas' promovidas pela união em décadas passadas.

    Por favor, que venha logo o Cinturão d’ Água...

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